Brincar de ser gente grande

Ocorreu uma era que as pessoas batalhavam por seus objetivos, brigavam pelos injustiçados, choravam com os que sofriam e tinham vontade de sonhar.

Nessa era, os sonhos mais desejados tornavam-se realidade, as pessoas tinham tempo de sorrir, de falar um “bom dia” ao próximo e conseguir enxergar os problemas alheios e, assim, buscavam ser solidários porque queriam e não porque tinham algum interesse oculto em tal ação.

Houve uma época que os meninos queriam voar, queriam ser pilotos e não os  chamados “aviõezinhos…”, o qual provoca a morte de vários diariamente. Quando as meninas se fantasiavam, eram de princesas e não de mulheres para perderem a infância ou a juventude.

Em certo período, as garotas brincavam de bonecas e as adolescentes faziam reuniões com amigas para conversar sobre os namoros e a última roupa da moda, e não em um período que as garotas “brincam de ser gente grande”, com filhos, trabalho e casa pra cuidar.

Teve um tempo que as famílias almoçavam juntas, havia o diálogo entre seus membros e as datas comemorativas, realmente, tinham significado. Hoje, o almoço em grupo foi substituído pela falta de tempo e pelos horários determinados, os diálogos perderam espaço para a televisão e as datas comemorativas foram resumidas ao comércio.

Existiu aquele momento que as relações sociais não se limitavam aos interesses e ao convívio via internet. Nesse tempo, as pessoas eram amigas, freqüentavam as casas umas das outras e, principalmente, demonstravam sentimentos pelo próximo.

Houve uma época que as crianças não eram usadas como escudos em guerras de interesses políticos, que tais tinham como preocupação fazer as tarefas escolares para poderem ver os desenhos animados, enfim, se preocupavam em ser criança e o ensino escolar tinha qualidade com o real objetivo de formar grandes profissionais.

Época essa que as crianças não morriam de fome, não viviam em condições mais que precárias de vida e as pessoas sonhavam com o futuro sem se lamentarem com o presente, foi uma época que as pessoas tinham a ousadia de brincar de ser feliz… E ousavam, acertando, em realizar tal brincadeira.

Por Zilma de Melo

 

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